20 de jul. de 2012

Veja como o aumento da inadimplência pode afetar sua empresa



A divulgação, nas últimas semanas, de índices que avaliam o comportamento do consumidor registraram dois pontos de alerta para a economia brasileira: o aumento da inadimplência e a retração das vendas. Segundo especialistas, os reflexos desses cenários ainda não estão sendo sentidos com grande intensidade pelas empresas, mas é preciso que o empreendedor esteja atento.

Dados do Serasa Experian divulgados neste mês mostram que a inadimplência cresceu 19% no primeiro semestre do ano em comparação a igual período de 2011. Segundo economistas da entidade, a renda do consumidor está comprometida principalmente com dívidas caras, como a do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito. O levantamento mostra ainda que 60% dos inadimplentes têm dívidas acima de 100% da sua renda mensal.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, também neste mês, que as vendas do varejo recuaram 0,8% entre abril e maio, maior índice desde 2008 - quando o a diminuição foi de 1,3%. Para analistas do instituto, a queda é reflexo do menor crescimento da indústria nacional - as taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) vêm sendo reduzidas -, do aumento da inadimplência e da escassez de crédito.

O que o pequeno empresário pode fazer
O coordenador do curso de Administração do Ibmec-MG, Eduardo Coutinho, afirma que o endividamento da população é fruto do ambiente de crédito facilitado, que é, ao mesmo tempo, parte integrante de uma economia capitalista. "O crédito não é ruim, já que é benéfico para as empresas que o consumidor antecipe as compras. O problema é quando ele aumenta de forma desordenada", opina.

Mauricio Galhardo, sócio-diretor da consultoria de varejo Praxis, explica que há pelo menos dois anos o governo segue uma política de liberação de crédito e diminuição de impostos que tem como objetivo manter a economia aquecida. O problema, na sua opinião, é a falta de conhecimento da população, principalmente da nova classe média, sobre como lidar com esse crédito. "De repente, pessoas que não estavam acostumadas a comprar foram incentivadas a fazê-lo, sem que não estivessem minimamente qualificadas para isso", afirma.

Do ponto de vista do empresário, a saída mais óbvia para tentar driblar a inadimplência - a venda à vista - não é uma boa opção para todos os casos. "Se seu concorrente vende a prazo, não adianta simplesmente cortar essa opção de pagamento", explica Eduardo.

O melhor é buscar mecanismos de mercado para atenuar o risco. É possível, por exemplo, incentivar o consumidor a usar o cartão de crédito em vez de cheque - com isso o empreendedor transfere o risco para o banco - e consultar associações comerciais municipais e o Serasa para melhorar a análise de crédito.

Os dois especialistas consideram que o cenário, apesar de merecedor de atenção, ainda não é um entrave para o crescimento das pequenas empresas. Mauricio recomenda que o empreendedor, principalmente aquele que atua no varejo, continue investindo em bons produtos e relacionamento com o cliente. "O brasileiro não compra só porque o crédito está facilitado. Ele compra por impulso, em datas comemorativas, porque o produto lhe agrada e porque foi bem recebido na loja", esclarece.


Fonte: Cross Content

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