20 de jul. de 2012

O Termo Empresário



Uma das vantagens do blog versus jornais, é que a reação dos leitores é imediata, e "perdi" 200 seguidores devido aos meus comentários de que Empresário é um termo pejorativo.
Me surpreendi inclusive com quem afirmou o contrário, e portanto devo me explicar.
Acho que o empresário brasileiro é a minoria mais perseguida deste país. E vejo como o termo Empresário é usado em muitos orgãos de imprensa. No interior é sinal de alguém bem sucedido, que gerou emprego etc, etc, mas entre muitos jornalistas não é bem assim.
No caso do mensalão, o publicitário Valério nunca foi citado como publicitário, e sim como Empresário.
Daniel Dantas no caso da Operação Satiagraha era sempre retratado como Empresário e não como o melhor Economista da FGV ou Engenheiro que era. No Wikipedia é retratado como banqueiro outra minoria mal vista neste país.
Hoje, uma mulher que comprou uma Ferrari no leilão governamental é citada no Estado de São Paulo como empresária, dona de uma empresa de aparelhos dentais. Provavelmente era dentista, mas associar luxo excessivo com Empresário é dogma.
A carga tributária neste país é o que é porque o congresso, a opinião pública, e muitos outros acham que todo empresário é sonegador, o que de fato não é verdade. Mas dito isto, existe um atitude considerada politicamente correta, que é "nunca pergunte como um Empresário fez o seu primeiro milhão".
Se Engenheiro bem sucedido continua Engenheiro, e Administrador bem sucedido, como o Leal, vira Empresário, vocês administradores que me criticaram têm um sério problema de marketing: nunca serão valorizados.
Warren Buffett, nunca é citado como Administrador, e sim como Investidor bem sucedido.
Economistas são muito mais hábeis. Vivem se valorizando e defendendo a classe. Serra e Dilma fazem questão de serem vistos como bons Administradores, embora usam o termo  "bons gestores".
Marina Silva, inclusive saiu a público dizendo que o Brasil não precisa de "um gerente", uma crítica aos dois, e que ela se orienta com o brilhante economista "Eduardo Gianetti", isto dito com Guilherme Leal ao lado, um tiro no pé.
Todo dia leio textos acusando Empresários pelos seus Espíritos Animais,  termo inventado por Keynes, pela ganância, pela maximização do lucro em detrimento ao meio ambiente.
Toda esta crise financeira foi atribuída não `a falta de supervisão do Bernanke dos Bancos de Investimentos, mas aos "bônus dos administradores dos bancos", algo que Paul Krugman e Nouriel Roubini não param de escrever. 
Adam Smith escreve com todas as letras para não se confiar "no management das empresas", que tudo chega nas mesas das famílias graças a mão invisível do mercado.
Foi necessário Alfred Chandler escrever 'A Mão Visível do Management", para mostrar que estes produtos chegam na mesa na hora certa, quantidade certa e com a qualidade certa graças a milhares de administradores, supervisores, controladores de qualidade etc.
Aí, me acusam de falar sempre  mal de economistas, mas na realidade foi sempre o contrário. 
Esta idolatria constante do empresário e do empresariado, começando com Joseph Schumpeter , esquece que eles só chegaram lá com a ajuda de dezenas de gerentes, engenheiros, contadores e administradores que os ajudaram a realizar os seus sonhos.
Concordo que nossos administradores não são perfeitos nem tão brilhantes, que no desespero defendo-os de forma compulsiva e exagerada.
Continuo achando que precisamos ter mais Administradores Socialmente Responsáveis que pensem nos outros, do que Empresários com 51% do capital de suas empresas, o que normalmente acontece.
Sei que Empreendedores e Empresários são importantes para criar empresas novas, mas acho que administradores, como engenheiros, advogados empresariais, contadores e controllers são também essenciais para tornar estas empresas grandes e profissionais.
Aos 200 Empresários que me cortaram das suas listas, lamento, mas o mundo não pode viver somente de elogios.

Fonte: Stephen Kanitz

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