02/04
- Se tudo no Brasil fosse tão bem organizado quanto a Receita Federal,
provavelmente o país não seria a sexta, mas a primeira economia do
mundo. Para se ter uma ideia, além da declaração do contribuinte, o
Fisco recebe pelo menos outros doze documentos para fazer o cruzamento
de dados e ver se o cidadão errou ou fraudou a prestação de contas.
A tendência é o cerco ficar ainda mais
cerrado, já que a Receita está se preparando para cruzar todos os tipos
de informações. Isso, em suma, significa que o Leão vai conhecer o
caminho que todo o dinheiro que circula no país percorreu durante o ano.
"Toda transação feita será conhecida pela Receita. O objetivo é cruzar
todas as informações", avalia o doutor em Contabilidade e professor da
Fucape, Valcemiro Nossa.
Hoje, o Fisco já pode cruzar
informações de serviços médicos, por meio da Declaração de Serviços
Médicos e de Saúde, a Dmed, de gastos com cartão de crédito, pela
Declaração de Operações com Cartão de Crédito (Decred), de compra e
venda de imóveis, Declaração de Informações sobre Atividades
Imobiliárias, a Dimob. E isso é apenas o aperitivo.
"O Brasil sabe arrecadar muito
bem e o sistema da Receita tem sido exemplo. Há países que vêm estudar
no Brasil nosso sistema de arrecadação. O nosso problema é o controle do
gasto. A entrada do dinheiro é bem feita, o problema é a saída. Diante
disso tudo, o governo perde uma grande chance de fazer uma reforma
tributária. À medida que apertam o cerco, as pessoas vão para a
formalidade, pois têm que dar contas do dinheiro ganho. A arrecadação
aumenta. E esse, portanto, se torna um bom momento para afrouxar os
impostos".
E essa dificuldade de saber para
onde vai o dinheiro que pagamos fica maior, já que o que é arrecadado
pelo Imposto de Renda vai para o caixa único do governo. "Não é um
dinheiro carimbado, que tem um fim específico", diz Nossa.
Fonte: Gazeta Online
Escrito por: Fernanda Zandonadi
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